Nascido em 18 de maio de 1942, em Barra do Piraí, estado do Rio de Janeiro, foi para Jacareí, na década de 1960, para continuar os estudos, onde morava com parentes.

Em 1964, ingressou no curso de Direito, da Fundação Valeparaibana de Ensino.

Foi advogado brilhante, e sonhava com o sacerdócio.

Em 1975, ingressou na APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados), onde se dedicou ao contato e apoio aos presidiários.

Foi morto no dia 14 de fevereiro de 1981, em uma rebelião de presos na cadeia de Jacareí (SP).

Alvejado durante um tiroteio, morreu junto com cinco rebelados e um policial.

No dia 18 de maio de 1942 nascia, em Barra do Piraí, Estado do Rio de Janeiro, Franz de Castro Holzwarth, filho de Franz Holzwarth e Dinorah de Castro Holzwarth. Franz era um menino muito magro, mas com traços de uma grande inteligência. Ao terminar o ensino médio, mudou-se para Jacareí-SP, onde iniciou o curso de Direito. Em 1965, Franz foi trabalhar como Assistente de Administração do Juízo de Direito de Jacareí, e no dia 14 de julho de 1968, iniciou sua carreira jurídica.

Certa vez, em meados de 1967, escreveu para um padre amigo: “Entretanto, o que importa para mim na vida é Cristo, e levá-lo aos outros como sacerdote. Há, em mim, um desejo de doação total. Espero em Deus que se faça sua vontade. Estou disposto para o que Ele me chamar…” E assim, buscando discernir sua vocação, Franz foi cursar o diaconado no Convento Sagrado Coração de Jesus, dos padres Dehonianos, em Taubaté-SP.

Franz foi convidado para evangelizar os presos e prepará-los para a Crisma. Foi aí que ele encontrou sua verdadeira vocação: trabalhar com os condenados. Em 1973, Franz ingressou na APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados). Desde então, seus esforços, o seu tempo e tudo em sua vida foi dedicado a esse apostolado.

Mesmo sendo um profissional bem sucedido, optou em viver de maneira simples e humilde. No dia 14 de fevereiro de 1981, durante uma rebelião em Jacareí, ele e Mário Ottoboni, foram chamados para intermediar as negociações. Era grande a tensão entre os presos e a polícia, até que um terrível tiroteio ceifa a vida do Servo de Deus.

Morria um homem e nascia um Mártir, um exemplo de vida, de solidariedade, de amor e presença cristã. Franz cumpriu sua última missão como homem de paz e justiça.

Devido a isso e atendendo a solicitação daqueles que conheceram de perto a vida e o apostolado de Franz de Castro, a Diocese de São José dos Campos, iniciou no dia 06 de março de 2009, o Processo de Beatificação deste Servo de Deus.

Como parte do processo, aconteceu, no dia 12 de novembro deste ano a trasladação dos restos mortais de Franz de Castro para a cidade de São José dos Campos, com sua entronização na Igreja Matriz de São José, no dia 17 de novembro onde repousará aguardando a decisão da Igreja quanto à sua santidade postulada como exemplar para todos os demais cristãos.

19 de maio de 1942

Nasce em Barra do Piraí (RJ), Franz de Castro Holzwarth, filho de Franz Holzwarth e Dinorah de Castro Holzwarth;

10 de agosto de 1942

Foi batizado na Paróquia São Benedito (Barra do Piraí), pelo monsenhor Clemente Mueller, sendo padrinhos o Dr. Onofre Infante Vieira e Ligia de Castro Martins;

1963

Iniciaram seus estudos no Curso de Direito da Faculdade de Direito do Vale do Paraíba, na cidade de São José dos Campos – SP;

1965

Iniciou seu trabalho como assistente de administração do Juízo de Direito de Jacareí – SP;
 

14 de julho de 1968

Inscreveu-se na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil);

1975

Ingressou-se na APAC de São José dos Campos – SP;

14 de fevereiro de 1981

Franz de Castro morre durante um motim na cadeia pública de Jacareí – SP, após se propor a ficar no lugar de um policial militar que era feito refém.

Sábado, 14 de fevereiro de 1981, por volta das 13 horas, o Dr. João Crysóstomo de Oliveira Campos, á época Delegado de Polícia de São José dos Campos, telefonou para a residência de Dr. Mário Ottoboni, e, visivelmente emocionado fez um dramático apelo para que ele fosse em companhia do Dr. Franz de Castro, à Delegacia de Policia de Jacareí onde uma rebelião de presos, preocupava a todos pois mantinham dois policiais civis e um militar sob a mira de revolver, ameaçando matá-los se não houvesse cooperação das autoridades para o êxito da fuga que pretendiam.

Na oportunidade, no destacamento do Corpo de Bombeiros de Jacareí, encontrava-se o Juiz de Direito daquela cidade, Orlando Pistorezzi, que coordenava o trabalho de libertação dos reféns.

Com a chegada de Franz de Castro Holzwarth e Mário Ottoboni, ambos dispostos a mediar os acontecimentos, para um término feliz, o Dr. Juiz de Direito citado, após manter o encontro reservado com os dois cidadãos mencionados, fez ligação telefônica com a Delegacia de Policia e anunciou ao preso líder da rebelião, que a exigência dos rebelados seria atendida, pois já contava com a presença de Franz e Mário, para que em duas turmas os presos deixassem ileso o local.

Nesse momento, o então Prefeito de Jacareí, Sr. Benedito Sérgio Lecione, cedeu o carro oficial da Prefeitura para que fosse levado a efeito o primeiro transporte. Antes, porém, as autoridades presentes deram garantia que a saída dos presos e reféns dar-se-ia de forma tranqüila, sem qualquer molestação e hostilidade.

A primeira turma deixou o local em companhia do Sr. Mário Ottoboni, que dirigia o veículo e dois reféns civis. A empreitada foi bem sucedida com o retorno ao local da rebelião de Mário Ottoboni e dos dois reféns.

Permanecia, entretanto, no local o Dr. Franz de Castro Holzwarth, um policial militar, último refém e mais alguns presos.

Como a situação se agravava com risco eminente de trágico desfecho, e como ninguém, se dispunha a levar o segundo veículo onde estava Franz de Castro, Mário Ottoboni, embora com sério risco de vida, prontificou-se a levar um carro modelo Belina, mas a Polícia Militar, naquele momento exigia, que o último refém fosse liberado no local dos acontecimentos, e que o advogado Franz de Castro o substituísse, passando a figurar de mediador a refém.

Como o advogado não era motorista, um dos presos amotinados assumiu o encargo de dirigir o veículo. Entregaram, então, a Mário Ottoboni, o policial militar refém para que a operação se realizasse normalmente.Ottoboni entregou a chave da Belina ao preso e deixou a linha de fogo com o último refém.

Quando isto aconteceu, o preso motorista ao contornar o veículo, para dirigi-lo, foi executado com vários tiros, embora se apresentasse com as mãos para o alto, simbolizando paz.

Neste momento Franz e os outros presos já estavam dentro do carro. De repente, um inexplicável e intenso tiroteio dominou o ambiente, que resultou na morte de Franz de Castro Holzwarth, que fora atingindo por mais de trinta projéteis.Belina XI 7752, depois do tiroteio.

Todos os demais ocupantes da Belina, seis presidiários morreram no local. Assim consumou-se a tragédia que transformou o companheiro de ideal cristão, em mártir.

Franz de Castro vitimado no tiroteio de Jacareí.

Franz de Castro vitimado no tiroteio de Jacareí.

Pai de Franz de Castro sai amparado do local do tiroteio

Pai de Franz de Castro sai amparado do local do tiroteio

Na época, o Bispo da Diocese de São José dos Campos, hoje Cardeal Dom Eusébio Oscar Scheid, Arcebispo emérito do Rio de Janeiro, assim se manifestou sobre o episódio: “Recordar a figura e as atitudes de nosso amigo mártir, suscita em nós todos, o desejo de seguir-lhe os passos no campo da difícil pastoral carcerária. Ele, que deu a vida em prova do amor maior (cf. Jo 15, 13), nos encoraje, ilumine e nos fortaleza neste propósito!”

Até agora ninguém sabe quais foram as causas da rebelião. A cadeia pública de Jacareí estava com 69 presos, mas só comportaria 50, no máximo. Mas as autoridades acham que não foi essa a causa. Inclusive o delegado Juzrez dizia à imprensa que “eles tinha tudo aí dentro. Não sei porque se rebelaram”.

“Senhor,

 que os meus passos deixem, pelo caminho, testemunho de Ti.

Que onde eu encontrar ódio, deixe profundas pegadas de AMOR.

Onde encontrar vingança, derrame o bálsamo do PERDÃO.

Onde encontrar pessimismo, semeie a alegria do OTIMISMO,

Onde encontrar tristeza, espalhe o conforto da ALEGRIA.

Onde encontrar divisão, semeie a Fecundidade da UNIÃO.

Onde encontrar erro, derrame a Luz da VERDADE

E onde encontrar pecado, deixe aí muita VIRTUDE!

Amém”

(Servo de Deus Franz de Castro Holzwarth)

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Jesus,

eu preciso de um coração como o Teu,

coração cheio de caridade, compreensão e fortaleza…

Dá-me, Senhor, um coração assim;

e quando os meus irmãos me procurarem

para fazer a narração das suas tristezas,

dar-lhes-ei a alegria de que precisam;

e quando me falarem das suas amarguras,

dar-lhes-ei a doçura divina que eles não têm.

 E partirão de mim cheios de alegria,

ainda que tenham de levar sobre seus ombros a cruz da sua dor”.

(Servo de Deus Franz de Castro Holzwarth)

O QUE É?

Beatificação é o reconhecimento feito pela Igreja de que a pessoa a quem é atribuída foi fiel aos ensinamentos de Jesus Cristo, que se encontra junto de Deus, em que está em estado de graça, e pode interceder por aqueles que lhe recorrem em oração.

Atualmente as Dioceses têm autoridade para abrir um processo de beatificação. A causa de beatificação possui um bispo postulador, que atua como uma espécie de advogado, que investiga a vida do candidato para verificar seu testemunho de santidade.

Uma vez iniciado o processo, o candidato recebe o título de Servo de Deus. Na fase inicial, investiga-se as virtudes ou o martírio. Neste último caso, investiga-se as circunstâncias da morte em detalhes. Concluído o processo com parecer positivo, a pessoa é declarada Beata.

FASE DIOCESANA

Abertura do processo da Causa de Canonização de Franz de Castro
A Diocese de São José dos Campos abriu o processo da Causa de Canonização do Servo de Deus Franz de Castro Holzwarth. A solenidade aconteceu no dia 6 de março de 2009, às 15 horas, no Seminário de Filosofia, em São José dos Campos. Na sessão, foi feito o pedido para a introdução da causa, a aceitação por parte do bispo e a nomeação do Tribunal que irá investigar a fama de martírio e de santidade do Servo de Deus. O Tribunal diocesano é constituído pelos seguintes membros: padre Rogério Augusto das Neves, juiz delegado; padre Antônio Silva França,  promotor de Justiça; Regina Araújo, notária atuária e Irmã Diva Moura, notária adjunta.

Cerca de 300 pessoas, entre familiares de Franz de Castro, seus amigos, membros da Federação das APACs e lideranças da diocese, lotaram o auditório do seminário, para acompanhar a única sessão pública. A fase diocesana do processo seguiu em sigilo até o seu encerramento no dia 22 de dezembro de 2010. A duração do processo dependeu da quantidade de testemunhas ouvidas e das providências necessárias para a investigação. Nesta fase, testemunhas indicadas pelo postulador serão foram interrogadas pelos membros do tribunal, a fim de reunir documentação que foram enviadas para a Congregação das Causas dos Santos, na Santa Sé.  Para a causa de Franz de Castro, foi designado o padre Riccardo Petroni, em Roma; o postulador nomeou vice-postulador desta Causa, aqui na Diocese, o padre José Candido Pereira.

FASE ROMANA

Os documentos seguiram para o Vaticano, onde serão examinados pela Congregação das Causas dos Santos.

JUSTIFICATIVA CANÔNICA

A causa de beatificação e canonização diz respeito a um fiel católico que em vida, na morte e depois da morte gozou de fama de santidade, vivendo de maneira heroica todas as virtudes cristãs; ou goza de fama de martírio porque tendo seguido mais de perto o Senhor Jesus Cristo, sacrificou a vida no ato do martírio”, (Art 4º parágrafo 1º, da Instrução para a realização dos inquéritos diocesanos ou das eparquias nas Causas dos Santos).

 “A fama de martírio é a opinião difundida entre os fieis acerca da morte padecida pelo Servo de Deus pela fé ou por uma virtude conexa com a fé” (Art. 4º parágrafo 2º da referida Instrução).

Diante disso, a Diocese de São José dos Campos, através de seu bispo diocesano, Dom Moacir Silva, após certificar-se entre uma parte significativa do Povo de Deus da fama de santidade e martírio do Servo de Deus, deu início ao Processo de Beatificação e Canonização do Servo de Deus Franz de Castro Holzwarth.

Documentos diversos pertencentes ao Servo de Deus, desde certidão de nascimento, batismo, crisma, escolaridade, textos elaborados para palestras aos detentos, revistas e publicações do fato ocorrido na época, dentre outros, foram entregues pela Comissão Histórica para a elaboração de todo processo.

Foram ouvidas mais de 30 testemunhas, dentre leigos, religiosos e familiares. As testemunhas, vinculadas por juramento a dizer a verdade e a manter sigilo de ofício, foram indicadas pelo Postulador, e outras, chamadas ex ofício pelo Juiz Delegado.

O TRIBUNAL

O tribunal é composto por:

Juiz delegado: Pe. Rogério Augusto das Neves
Promotor de Justiça: Pe. Antônio Silva França
Notaria Atuária: Regina Célia Oliveira de Siqueira Araújo
Notaria Adjunta: Ir. Diva Moura
Postulador: Padre Riccardo Petroni
Vice-postulador: Pe. José Cândido Pereira

TRANSLADO E ENTRONIZAÇÃO DOS RESTOS MORTAIS DO SERVO DE DEUS

No dia 12 de novembro de 2010, membros do Tribunal Diocesano constituído para o Processo de Beatificação e Canonização do Servo de Deus Franz de Castro Holzwarth, partem de São José dos Campos até Barra do Piraí, onde se encontravam seus restos mortais.

Em decorrência da morte de Dona Dinorah, mãe do Servo de Deus, no dia 10 de maio de 2010, houve necessidade de antecipar a exumação dos restos mortais de Franz de Castro, que cuidadosamente foi colocado numa urna plástica, na cor branca e recolocada no túmulo da família em Barra do Piraí.

No cemitério da cidade, que se encontrava repleto de fieis, após cumprimentos iniciais, o assessor do postulador, padre Paolo Lombardo, autorizou o início dos trabalhos. A equipe dos funcionários do cemitério removeram a lápide e retiraram a urna que continha os restos mortais do Servo de Deus. Uma grande emoção tomou conta de todos os presentes. Como requer a ocasião, somente a família e os amigos presenciaram a retirada da lápide.  Diversos jornalistas presentes aguardavam à distância, para registrar cada etapa do traslado.

A urna foi envolvida numa toalha de linho branco e conduzida pelos fieis e pelos membros do Tribunal, com orações e cantos, até a Igreja Matriz da cidade.

A celebração de despedida dos restos mortais foi conduzida pelo reverendíssimo pároco, padre Leandro e padre Antonio.

Ao final, a urna foi transportada para a Igreja Matriz São José, na cidade de São José dos Campos, onde o Servo de Deus viveu seus últimos e marcantes anos de vida.

Após reconhecimento e identificação efetuados pelo nobre Dr. Wilson Salgado, os restos mortais foram submetidos a um tratamento especial evitando assim sua deteriorização. Numa outra etapa, foram cuidadosamente depositados numa urna de acrílico, confeccionada exclusivamente com divisórias e preparada com cânfora, que foi lacrada com o selo do Senhor Bispo. Em seguida foi colocada dentro de uma outra urna de madeira maciça.

No dia 17 de novembro de 2010, às 10hs, foi celebrada uma cerimônia solene presidida pelo Senhor Bispo Diocesano, Dom Moacir Silva, que, ao final, conduziu a urna até o túmulo preparado no final da Igreja Matriz, de fácil acesso aos fieis, juntamente com o assessor do Postulador, pe. Paolo Lobardo, pelos membros do Tribunal constituído para a causa, o Juiz Delegado, pe. Rogério Augusto das Neves; o Promotor de Justiça, pe. Antonio Silva França; o Vice-Postulador da Causa, pe. José Cândido Pereira, a notária atuária, Regina Célia Araújo e a notária adjunta, irmã Diva Moura, além de autoridades, familiares, fieis e amigos.

Os documentos legais da entronização foram colocados na urna e o túmulo de granito foi lacrado, tornando-o local de visitação e oração.

Senhor, nosso Deus,

que inspirastes o vosso servo Franz de Castro Holzwarth a uma total dedicação de amor aos encarcerados, ao ponto de derramar o próprio sangue em favor da causa dos mesmos, nós vos pedimos que,se for de vossa vontade,Franz de Castro seja um dia glorificado pela vossa Igreja e, por sua intercessão, possamos receber a graça de que tanto precisamos e que vos pedimos com fé.

Fortalecei-nos, ó Senhor, na vivência do amor ao próximo e abençoai a todos que se dedicam à Pastoral Carcerária.

Por Cristo, nosso Senhor. Amém.